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Ottawa conta com o cobre para ser um construtor de nações — e o Canadá precisa correr atrás do prejuízo

Ottawa conta com o cobre para ser um construtor de nações — e o Canadá precisa correr atrás do prejuízo

A lista de projetos de "construção nacional" acelerados de Ottawa inclui o desenvolvimento de duas minas de cobre — para obter um dos recursos naturais mais importantes do mundo, à medida que a demanda global aumenta e os desafios de fornecimento persistem.

Tais projetos "devem fortalecer a autonomia do Canadá, nossa resiliência e nossa segurança. Devem ter benefícios claros para os canadenses", disse o Primeiro Ministro Mark Carney durante o anúncio de quinta-feira.

Entra em cena o cobre, o terceiro metal mais utilizado no mundo e um condutor para todas as atividades elétricas. O governo federal está recomendando a aprovação regulatória para o Projeto da Mina de Cobre McIlvenna Bay Foran, em Saskatchewan, e para uma expansão da Mina Red Chris, no noroeste da Colúmbia Britânica.

O mineral essencial é usado na construção de veículos elétricos e outros produtos de energia verde. Mas a demanda está disparando em meio ao boom global de data centers, que abrigam o hardware que alimenta a inteligência artificial.

O Canadá é "uma grande potência de mineração, e o cobre é um dos recursos naturais mais importantes deste século", disse Vince Beiser, autor de Power Metal: The Race for the Resources That Will Shape the Future, de Vancouver.

"Todos os nossos aparelhos digitais precisam de eletricidade. Como a eletricidade viaja? Como ela vai da represa ou do parque solar até sua casa? Ela viaja pelo cobre", disse ele.

O Canadá abriga minas de cobre, refinarias e uma fundição. Mas o país ficou para trás na produção e exportação de cobre na última década, e mesmo os projetos acelerados podem ser insuficientes e tardios, de acordo com especialistas que conversaram com a CBC News.

Um pequeno pedaço da torta

O metal é uma das peças de xadrez no fogo cruzado da guerra comercial entre EUA e China. Embora os preços do cobre tenham subido nos últimos anos, eles dispararam e permaneceram elevados no início deste verão, quando o governo Trump ameaçou impor tarifas sobre o cobre bruto.

Por fim, impôs uma taxa de 50% sobre produtos de cobre semiacabados — poupando países como o Canadá do pior dos danos, mas atingindo as refinarias chinesas que respondem por cerca de metade da capacidade mundial de fundição de cobre.

Pelo menos uma autoridade federal apontou o domínio chinês no mercado de cobre como a razão pela qual Ottawa está tentando acelerar sua produção de metal.

O Ministro dos Recursos Naturais, Tim Hodgson, diz que o Canadá tem um papel a desempenhar na produção de cobre "como um país democrático" e acusa Pequim de manipular os preços do cobre.

"Temos a oportunidade de tirar as cartas das mãos dos autocratas e colocá-las nas mãos do Canadá", disse Hodgson na quinta-feira na Rádio CBC, argumentando que "outros" estão usando o cobre como uma "ferramenta de coerção".

A parte externa de uma mina é mostrada.
A mina de cobre Highland Valley da Teck é fotografada no interior da Colúmbia Britânica em 26 de março de 2017. (Jonathan Hayward/The Canadian Press)

Embora a China tenha um "domínio absoluto" sobre minerais de terras raras, ela não tem "uma posição tão dominante" com o cobre, apesar de sua força em processamento e refino, de acordo com Beiser.

"Esta é outra razão pela qual acho que faz sentido para o Canadá tentar fortalecer sua posição neste campo específico, porque, veja bem, temos cobre, temos minas de cobre. Também temos refinarias de cobre", disse ele.

Desafios de fornecimento

No entanto, o Canadá é uma peça relativamente pequena do quebra-cabeça global do cobre, representando apenas dois por cento da produção global, de acordo com Dennis da Silva, gerente sênior de portfólio da Middlefield que analisa os setores de metais e mineração.

"Em termos globais, a maior parte do crescimento que poderia ocorrer no setor do cobre, na verdade, está fora do Canadá", disse da Silva, acrescentando que o governo federal tem como alvo "talvez os únicos projetos relevantes para o Canadá que poderiam ser construídos".

Recentemente, diversas mineradoras canadenses priorizaram o cobre em detrimento de outras commodities. A Barrick Mining, anteriormente conhecida como Barrick Gold, vendeu recentemente sua última mina de ouro no Canadá por US$ 1,1 bilhão, mudando seu foco para seu portfólio de cobre.

Esse esforço foi liderado pelo CEO da Barrick, Mark Bristow, que projetou no início deste ano que cerca de 30 por cento da produção da empresa seria de cobre — aproximadamente o equivalente ao aumento esperado para seu portfólio de ouro.

Enquanto isso, a notícia de que a multinacional de mineração do Reino Unido Anglo American planeja adquirir a mineradora canadense Teck Resources para suas operações de cobre repercutiu no setor no início desta semana.

O acordo, sujeito à aprovação dos acionistas e reguladores, seria uma das maiores fusões de mineração na história do setor e, de acordo com da Silva, "destaca a escassez de projetos prontos para serem implementados" no setor de cobre, que enfrenta dificuldades de oferta.

A produção caiu 'significativamente'

A produção de cobre no Canadá diminuiu "significativamente" nas últimas décadas, de acordo com Photinie Koutsavlis, vice-presidente de assuntos econômicos e mudanças climáticas da Associação de Mineração do Canadá.

Entre 2014 e 2023, a queda foi de mais de 22% , segundo dados do Ministério dos Recursos Naturais do Canadá. No mesmo período, as exportações de cobre caíram cerca de 24%, segundo o Statistics Canada.

"Definitivamente perdemos o equilíbrio em nossos rankings globais de cobre", disse Koutsavlis. "Espero que esses projetos sejam um bom começo para reverter essa tendência."

Os EUA respondem por cerca de 5% da produção global de cobre, enquanto o Chile é o maior produtor mundial, com 30%. O Canadá pode potencialmente responder por 7% a 8% da produção nos próximos 20 anos, segundo da Silva.

Mas o Canadá "precisaria ter começado a colocar essas coisas na prancheta provavelmente cinco anos atrás para corresponder adequadamente às expectativas de demanda", disse ele.

"Você pode imaginar quanto tempo leva para encontrá-lo, comprová-lo, justificar a economia e, finalmente, construí-lo, ligá-lo e colocá-lo em produção."

O cobre é mostrado em um forno.
Cobre é fundido em um forno na Refinaria Canadense de Cobre, uma refinaria de cobre e metais preciosos em Montreal, em 25 de julho. (Christinne Muschi/The Canadian Press)
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