Tribunal de Maputo liberta assessora financeira de Mondlane

O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo ordenou a libertação da assessora financeira do político moçambicano Venâncio Mondlane, em prisão preventiva desde março, disse esta sexta-feira à Lusa o ex-candidato presidencial, considerando tratar-se de um “processo político”.
“Isto confirma aquilo que sempre dissemos, que era um processo político, porque é agora o Ministério Público a despronunciá-la dos crimes que a acusava”, disse Venâncio Mondlane, em declarações à Lusa.
Segundo Mondlane, Glória Nobre Chire, detida em 13 de março de 2025, na sua residência em Maputo, foi libertada após audiência em tribunal na quinta-feira, com o Ministério Público a despronunciá-la dos crimes de que era suspeita, como tentativa de alteração violenta do Estado de direito, associação criminosa e conspiração para a prática de crimes contra a segurança do Estado.
O ex-candidato presidencial avançou ainda que a confirmação da não-pronúncia destes crimes, conforme pedido agora pelo Ministério Público, será feita em sessão no tribunal, marcada para 15 de setembro, ficando a aguardar a sessão apenas com Termo de Identidade e Residência.
Glória Monteiro Nobre Chire, 59 anos, contabilista na reforma, era até à sua detenção responsável das finanças de Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial que liderou a maior contestação aos resultados eleitorais que Moçambique viveu desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.
Em julho, o político, que esta semana tomou posse como Conselheiro de Estado, foi acusado pelo Ministério Público moçambicano de cinco crimes, no âmbito das manifestações pós-eleitorais, incluindo incitamento à desobediência coletiva e instigação ao terrorismo.
Mondlane revelou, na altura, que está acusado de um crime de apologia pública ao crime, de um crime de incitamento à desobediência coletiva, um crime de instigação pública a um crime, um crime de instigação ao terrorismo e um crime de incitamento ao terrorismo, acusação que não reconhece.
“Pelo contrário, eu prestei um grande serviço a esta nação. É a primeira vez em 30 anos de democracia em que nós conseguimos levar até ao extremo a questão de desvendar, tirar o véu da fraude. Tiramos a máscara da fraude e levamos até a extrema resistência contra um regime ditatorial que se mantém com base nas armas, com base nos assassinatos e nos sequestros”, disse aos jornalistas.
Desde outubro de 2024 e até março, Moçambique viveu um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial, que rejeita os resultados das eleições presidências de 9 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, no poder, e empossado como quinto Presidente do país.
Cerca de 400 pessoas morreram em resultado de confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após encontros entre Mondlane e Chapo em 23 de março e em 20 de maio, com vista à pacificação do país.
observador