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Reparação ou coerção?

Reparação ou coerção?

Desajeitadamente, as autoridades municipais encerraram a primeira fase da tragédia na Ponte da Concórdia: 29 famílias estão de luto, mas agora quase 100 feridos estão apenas começando a se recuperar. Os primeiros laudos periciais apontam para a incompetência do motorista e o excesso de velocidade como as prováveis ​​causas do evento fatal.

Não deve haver discrepâncias entre a indenização por danos, conforme definida no direito penal, e a reparação integral, pois elas envolveriam o mesmo conjunto de direitos operando sob dois nomes diferentes.

De qualquer forma, a proteção das vítimas deve ser priorizada. O incidente ocorrido há duas semanas, causado pelo capotamento de um caminhão-tanque carregado com 45.000 litros de gás liquefeito de petróleo (GLP), também afetou outros 32 veículos. As falsas narrativas — até mesmo alimentadas por autoridades municipais — inicialmente apontavam para a falta de seguro.

Outros conflitos recentes — a debandada no Flow Fest em 2022, a queda de um guindaste no Bicentenário durante o Festival Ceremonia e, recentemente, a queda de arquibancadas em um show do artista Quevedo — geraram intenso debate sobre as prováveis ​​causas e o cumprimento das normas de segurança civil. Nesses eventos de massa, o lucro é priorizado em detrimento da segurança? E os advogados querem se aproveitar da vulnerabilidade das famílias afetadas pelos incidentes?

O litígio midiático não condiz com o que os tribunais estão decidindo. E a narrativa em torno do desabamento do guindaste no Festival AXE Ceremonia 2025 está começando a ruir. Na audiência inicial por homicídio culposo, realizada no final da semana passada no Doctor Lavista, as divergências entre os advogados de defesa das duas vítimas, ambos fotógrafos, ficaram evidentes: enquanto a família de Berenice Giles exige que a OCESA e a empresa de segurança LOBO sejam indiciadas, a representação de Miguel Ángel Hernández concorda com a acusação de que essas empresas não tiveram responsabilidade direta pela instalação dos dispositivos que causaram o desabamento.

A tensão processual abre um dilema: busca-se justiça ou perpetradores de alto perfil estão sendo alvos? A equipe jurídica de Berenice, liderada pelo advogado Fermín Alejandro Victoria Rangel, acusa o Ministério Público da Cidade do México de acobertar grandes corporações e exige que seu status seja alterado de testemunhas para réus. Em contraste, a equipe de defesa de Miguel acredita que não há provas no processo de 15 volumes que os implique na operação do guindaste. Duas interpretações do mesmo processo, duas estratégias para lidar com uma dor compartilhada.

Os advogados de Berenice pressionaram por uma audiência sobre a questão das omissões, marcada para 29 de setembro, enquanto os advogados de Miguel se distanciaram dessa abordagem e concordaram em adiar a audiência inicial para 16 de outubro. A percepção é de que a família Giles quer acelerar o confronto, enquanto a família Hernández opta por uma defesa técnica, apoiada em relatórios da Proteção Civil e nas investigações realizadas tanto pela prefeitura de Miguel Hidalgo quanto pela Procuradoria Geral da Cidade do México, que indicam que a OCESA não foi responsável, nem promotora ou organizadora do evento, uma vez que as autorizações e permissões de acesso ao guindaste que desabou foram gerenciadas diretamente por terceiros não relacionados à empresa.

A disputa entre famílias, além do sofrimento, pode fragmentar a busca por justiça e permitir que os réus — três empresas e oito pessoas físicas — prolonguem o processo. O tempo judicial está passando, e as diferentes estratégias ameaçam diluir a demanda coletiva em ações judiciais transversais.

Eleconomista

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