Zema é mais um governador a anunciar crédito como contenção ao tarifaço dos EUA

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou uma série de medidas que buscam atenuar prejuízos às empresas do estado causados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos de Donald Trump — a aplicação está prevista para iniciar no próximo dia 1º de agosto. Zema atribuiu a situação à "inabilidade do nosso governo federal, principalmente do presidente Lula".
A movimentação do mineiro ocorre após outros governadores anunciarem medidas similares: foi o caso de Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Todos eles, inclusive Zema, podem concorrer à Presidência da República contra Lula nas eleições de 2026.
Entre as ações anunciadas por Zema nesta terça-feira (29) para as empresas mineiras estão:
- Disponibilização de R$ 200 milhões em linhas de crédito subsidiadas via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
- Postergacão no recolhimento de tributos
- Tributação zero para produtos que seriam exportados e que agora serão comercializados no mercado interno, o que, segundo o governador, pode até reduzir o preço para o consumidor.
As medidas seguem o tom do que foi anunciado em outros estados. Em São Paulo, por exemplo, Tarcísio anunciou um crédito de R$ 200 milhões para exportadores. Caiado, por sua vez, apostou em uma linha de crédito com taxa anual de financiamento inferior a 10% das linhas de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Café e aço de Minas são setores em alertaAo anunciar a decisão do Executivo estadual, o governador mineiro destacou que Minas Gerais será particularmente impactada, já que o estado é um grande produtor de café, do qual os Estados Unidos são um dos principais importadores. No ano passado, a commodity representou 46,1% do agro mineiro, levantando uma receita de US$ 7,9 bilhões, segundo o governo. Dessa parcela, US$ 1,5 bilhão veio de negócios diretos com os EUA.
O setor mineiro do aço também é um ponto de atenção — o estado é o maior produtor do país. Em 2024, Minas Gerais foi responsável pela produção 27% de todo o aço bruto do Brasil, o equivalente a 9,3 toneladas de aço bruto. Zema responsabilizou diretamente o presidente Lula (PT) por "atacar um dos maiores clientes do Brasil" e por se aliar a "detratores dos Estados Unidos".
A medida de taxação do governo norte-americano, confirmada pelo presidente Donald Trump, deve entrar em vigor em 1º de agosto, aplicando uma alíquota de 50% ao Brasil. Apenas alguns países, como Reino Unido e Japão, conseguiram negociar tarifas mais brandas com os EUA.
De acordo com levantamento do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica da Universidade Federal de Minas Gerais, a nova taxação pode causar uma redução de 0,16 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que corresponde a R$ 19,2 bilhões.
Trump justificou a decisão com base em questões comerciais, mencionando o déficit norte-americano na balança com o Brasil. Ele também citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal como um fator conjugado para aplicar a sanção.
Em resposta, o presidente Lula prometeu uma reação "à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica". O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) está à frente de um grupo de trabalho que tenta negociar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), por sua vez, mencionou que o governo possui "planos de contingência" para os setores que serão mais afetados, mas não detalhou quais seriam as ações.
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