Não aceitaremos uma imagem mentirosa do Brasil, diz Lula a Trump em evento com chineses

O presidente Lula (PT) voltou a criticar, nesta sexta-feira 15, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seus ataques ao Brasil. O magnata partiu de inverdades sobre a balança comercial entre os países e sobre o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao anunciar um tarifaço contra as exportações brasileiras para os norte-americanos.
Segundo Lula, a relação entre Brasília e Washington passa por uma “turbulência desnecessária” devido à conduta de Trump. O petista reforçou que o Brasil registra déficit comercial com os Estados Unidos desde 2009. Ou seja, compra mais produtos do que vende aos norte-americanos.
“A ideia de passar para o mundo que o Brasil é um país horrível de negociar não é verdade”, afirmou Lula. “E não posso admitir que o presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos conte a quantidade de inverdades que tem contado sobre o Brasil.”
Na quinta-feira 14, Trump retomou a ofensiva contra o Brasil e contestou o processo contra Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por articular um golpe de Estado. Também disse que o País “tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas”.
“Não dá para aceitar a criação de uma imagem mentirosa do Brasil, um país que não tem contencioso no mundo”, enfatizou Lula nesta sexta. “O Brasil não tem o PIB dos EUA ou da China, mas tem um povo que merece respeito, que tem orgulho de ser o que é, que só pode ser melhor se a gente tiver coragem de resistir às ofensas que fazem a nós.”
Lula proferiu as declarações na inauguração da fábrica da chinesa GWM em Iracemápolis (SP). A empresa projeta um investimento no Brasil de 4 bilhões de reais até 2026. Entre 2027 e 2032, a estimativa é de mais 6 bilhões de reais em aportes.
A planta, adquirida da Mercedes-Benz em 2021, já conta com cerca de 400 trabalhadores contratados e tem condições de produzir até 50 mil veículos por ano. A previsão da montadora é que a fábrica paulista gere, até o fim de 2025, de 800 a mil postos de trabalho.
A GWM é a primeira empresa habilitada no Programa de Mobilidade Verde, o Mover, para produção de modelos híbridos plug-in no Brasil.

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