Moçambique reforça vigilância fronteiriça para travar Mpox

O Governo moçambicano está a reforçar a vigilância fronteiriça, com equipas de rastreio e testagem, para travar a propagação de casos de Mpox, com o país a registar atualmente 17 casos e 92 suspeitos, foi anunciado esta terça-feira.
“Não há neste momento restrição à mobilidade das pessoas e bens, o que temos estado a fazer e recomendamos — e que estamos a trabalhar em conjunto com as outras instituições — é o reforço da vigilância nas áreas transfronteiriças”, disse o diretor Nacional de Saúde Pública, em conferência de imprensa em Maputo, na qual vincou também a aposta no rastreamento comunitário como melhor método para travar a propagação.
“Infelizmente, este não é um trabalho muito fácil, como devem perceber, o nosso país tem aquelas fronteiras formais onde conseguimos colocar colegas em vigilância, mas também tem vários pontos que são usados para a entrada e saída e muitas vezes não estão sob nosso controlo e aí é um grande desafio”, acrescentou Quinhas Fernandes.
O atual surto de Mpox localiza-se em Lago, província do Niassa, junto ao Malaui e à Tanzânia, com 17 casos confirmados, todos em situação estável. Do total de 92 casos suspeitos de acordo com a atualização desta terça-feira, Niassa lidera com 57, Tete com oito, cidade de Maputo com sete — em igual número com a província de Maputo —, Manica com quatro, Zambézia com três – o mesmo que Cabo Delgado —, Nampula com dois e Sofala com um caso.
“Todos os pacientes estão estáveis [17 positivos], eles evoluem de forma bastante satisfatória em isolamento domiciliar. Neste momento ainda não consideramos que alguns deles tenham alta hospitalar porque, em princípio, devemos fazer o seguimento deles por um período de 21 dias”, esclareceu o diretor Nacional de Saúde Pública.
Face a estes casos suspeitos e positivos, Moçambique pode avançar com a solicitação das vacinas, mas apenas se o país evoluir para um surto de contaminação em larga escala. “O que estamos a fazer é avaliar a situação, a preparar o dossiê para uma eventual solicitação da vacina, mas como disse, a alocação de vacinas ao país irá depender da disponibilidade ao nível global e da situação epidemiológica específica do país, comparando com as outras regiões, sobretudo do continente africano”, disse o responsável.
“Em geral a vacinação em massa como a da Covid-19 não é a abordagem recomendada para esta situação e, infelizmente, atualmente, o acesso a vacina a nível global ainda é limitado (…). No contexto do país e um surto bastante localizado, com cadeias bem definidas, e num contexto de escassez de vacinas, neste momento pensamos que as medidas que estão a ser comunicadas no terreno são as mais ajustadas”, concluiu o diretor nacional de Saúde Pública.
Em 24 de julho, a agência de saúde pública da União Africana (UA) alertou para a escassez de vacinas, apesar de os casos e mortes em África por Mpox estarem a diminuir.
A Mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. No atual surto, na África austral, desde 1 de janeiro já foram notificados 77.458 casos da doença, em 22 países, com 501 óbitos.
O primeiro caso de Mpox em Moçambique aconteceu em outubro de 2022, com um doente em Maputo. O Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP), órgão da Direção Nacional de Saúde Pública, aponta a capacidade de testagem que agora existe nas províncias, com 4.000 testes disponíveis e mil para análises de reagentes para identificar estirpes de casos positivos, como a grande mudança em três anos.
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