Por que as lojas online chinesas baratas às vezes representam um risco, e a Action não é uma delas.

Pesquisas europeias mostram que 70% dos produtos em sites como Shein e Temu não cumprem as normas de segurança europeias, e quase um quarto deles são francamente perigosos. Como é possível que esses produtos ainda estejam disponíveis para compra? E quanto aos produtos chineses vendidos na Holanda? A RTL Z entrevistou o especialista em varejo Cor Molenaar, da Universidade Erasmus.
1. Por que plataformas como Temu e Shein podem oferecer seus produtos sem verificações de segurança?O principal motivo reside na estrutura legal dessas plataformas. Temu e Shein conectam consumidores diretamente com milhares de vendedores na China. Esses produtos chegam sem um importador ou intermediário europeu e, portanto, sem ninguém responsável pela segurança ou por recalls. Segundo Cor Molenaar, é justamente aí que reside o risco.
"Eles só precisam cumprir a lei chinesa, que muitas vezes difere da lei europeia", diz ele. "Isso pode funcionar bem, mas também significa que nenhuma das partes na Europa é responsabilizada se algo der errado."
A UE tem pouco controle sobre isso, já que os produtos geralmente são enviados diretamente da China em embalagens pequenas com valor inferior a € 150; uma categoria raramente inspecionada na fronteira. Os órgãos reguladores europeus alertam há tempos que essa é uma lacuna nas atuais normas de importação.
2. Como isso funciona em lojas como a Action e a Wibra, que também vendem muitos produtos da China?Na Action, também, quase metade dos produtos vem da China, representando 49% da gama de produtos , segundo o relatório de sustentabilidade da empresa. No entanto, as circunstâncias são diferentes.
A Action não compra diretamente de fábricas aleatórias, mas sim através de fornecedores e importadores estabelecidos na Europa. "Os clientes da Action podem ter a certeza de que todos os produtos cumprem as normas de segurança europeias e os requisitos adicionais da Action relativamente às condições de produção, como a nossa proibição do trabalho infantil", explica um porta-voz da Action.
Esses importadores na Europa são obrigados a testar, certificar e recolher produtos que não estejam em conformidade com as normas. "Na Europa, a responsabilidade recai sobre o importador ou fornecedor", explica Molenaar. "Se um produto não estiver em conformidade, a empresa pode responsabilizar essa parte. Essa é uma grande diferença em relação a uma plataforma na China, onde essa responsabilidade não existe."
"Parte da nossa linha de produtos realmente vem da China", diz um porta-voz da Wibra, "mas também trabalhamos com fornecedores de outros países. Levamos a segurança e a qualidade dos produtos muito a sério, por isso informamos claramente nossos fornecedores sobre as leis e regulamentações relevantes e os requisitos de teste aplicáveis por meio de protocolos de produto abrangentes."
Segundo Molenaar, o preço baixo não é um mistério, mas sim o resultado da redução de custos. Lojas online chinesas como Temu e Shein pulam etapas dispendiosas: não têm importador europeu, armazém, processo de inspeção, praticamente nenhuma garantia e operam com margens extremamente baixas. Tudo vai diretamente da fábrica para o consumidor.
"Some a isso baixos salários, requisitos ambientais mínimos e enormes economias de escala, e você terá uma camiseta de €3 ou um carregador de €2", diz ele. Para os varejistas europeus, há também o transporte, a embalagem, o armazenamento, a certificação e o IVA. Isso automaticamente encarece os produtos, mas também os torna mais seguros e rastreáveis.
4. Isso significa que os produtos chineses são automaticamente mais seguros na Holanda?Sim, pelo menos desde que cumpram os requisitos de monitorização europeus. As lojas físicas são supervisionadas por autoridades nacionais, como a Autoridade Holandesa para a Segurança dos Alimentos e Produtos de Consumo (NVWA). Isto significa que existe uma supervisão estrutural da segurança dos produtos, dos rótulos e das marcações CE.
Molenaar enfatiza que isso reduz o risco de produtos perigosos. "Pode-se presumir, com certa segurança, que as lojas que operam na Holanda testam seus produtos. Aplicam-se padrões mais rigorosos, não apenas em termos de segurança, mas também em relação ao meio ambiente."
Isso não quer dizer que nada de errado jamais aconteça, mas nesses casos as lojas são obrigadas a iniciar um recall: algo que uma empresa como a Temu deixou de fazer em um caso recente.
Sim, estão em desenvolvimento. A Comissão Europeia está trabalhando em uma atualização do chamado Regulamento de Segurança de Produtos, que estipula que vendedores fora da UE também podem ser responsabilizados por produtos inseguros.
"Essas regulamentações certamente ficarão mais rigorosas", prevê Molenaar. "Principalmente em relação aos requisitos ambientais e de segurança. Se a China tiver que atender aos mesmos critérios da Europa, os preços subirão ou haverá menos importações. Nos EUA, as regras são um pouco mais flexíveis, então essas plataformas têm ainda mais espaço para crescer por lá."
Até lá, os consumidores devem permanecer vigilantes, diz Molenaar: "Pense bem antes de comprar algo extremamente barato. Produtos eletrônicos podem ser perigosos e devolvê-los à China costuma ser inconveniente e caro. Na prática, você perderá seu dinheiro se o produto estiver com defeito."
RTL Nieuws




