O quadro estratégico da OCDE para maior cooperação, inclusão e sustentabilidade na América Latina e no Caribe

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) adotou, pela primeira vez, um Marco Estratégico para a América Latina e o Caribe com o objetivo de fortalecer sua cooperação na região e consolidar uma plataforma compartilhada de políticas públicas. Esta iniciativa faz parte do impulso diplomático liderado pela Costa Rica e coincide com a organização do primeiro Fórum de Desenvolvimento Local da OCDE na América Latina, que acontecerá de 8 a 11 de julho em Barranquilla.
A ideia é que o roteiro permita maior colaboração entre a região e a organização multilateral.
Além disso, busca-se uma evolução na relação histórica entre a OCDE e os países latino-americanos, que vem crescendo em termos de participação , adesão regulatória e colaboração política.
O Quadro Estratégico visa maximizar o valor, o impacto e a complementaridade do trabalho da OCDE na região, fornecendo soluções para os desafios tradicionais enfrentados por esta parte do mundo.
A proposta baseia-se nas prioridades já definidas pelo Programa Regional da OCDE para a América Latina e o Caribe: aumentar a produtividade, promover a inclusão social, fortalecer as instituições democráticas e garantir a sustentabilidade ambiental. Incorpora também novas dimensões focadas na digitalização, na governança da inteligência artificial (IA), na exploração de minerais críticos, na integração regional e na consolidação de cadeias de valor sustentáveis.
Segundo a Organização, a América Latina e o Caribe são um ator cada vez mais importante na economia global. Com uma população superior a 650 milhões e um Produto Interno Bruto (PIB) que, como um todo, posiciona a região como a quarta maior economia do mundo, o potencial transformador da região motivou a organização a repensar suas prioridades institucionais.
"A adoção deste Quadro Estratégico reflete o crescimento e o fortalecimento, nas últimas três décadas, da parceria entre a OCDE e a América Latina, uma região de grande importância e uma prioridade fundamental na agenda global da Organização", disse Mathias Cormann, Secretário-Geral da OCDE.
O executivo acrescentou que este "novo Quadro Estratégico sela o compromisso conjunto de todos os nossos membros para fortalecer nossa colaboração com a região".
O anúncio foi feito durante a sessão de encerramento da Reunião do Conselho Ministerial da OCDE, em Paris, nos dias 3 e 4 de junho, mas sob a presidência da Costa Rica.

Secretário-Geral da OCDE, Mathias Cormann Foto: OCDE
Este novo roteiro baseia-se nas prioridades estabelecidas no Programa Regional da OCDE para a América Latina e o Caribe, lançado em 2016, e busca consolidar uma plataforma colaborativa mais ambiciosa . O marco também incorpora uma dimensão operacional por meio da preparação de um Plano de Implementação a ser apresentado na Reunião Ministerial de 2026, com a participação ativa dos países da região e de outros parceiros institucionais.
Em linha com essa estratégia, a OCDE também fortalecerá sua presença em processos de integração regional e cúpulas intergovernamentais, como o fórum de Barranquilla, onde fortalecerá seus laços com o setor privado, a academia, a sociedade civil e os parlamentos latino-americanos.
O Fórum de Desenvolvimento Local reunirá líderes locais, autoridades nacionais, organizações multilaterais e representantes do setor privado para discutir como o desenvolvimento territorial pode ser um catalisador para inclusão, sustentabilidade e competitividade. Mais de 50 delegações internacionais são esperadas.
Esta iniciativa está alinhada aos objetivos do Marco Estratégico, que busca descentralizar a abordagem das políticas públicas e destacar o potencial transformador das cidades intermediárias e dos governos subnacionais.
Os componentes do quadro estratégico De acordo com a OCDE, o Quadro Estratégico está estruturado em torno de cinco pilares:
- Colaboração estruturada e sustentável: busca consolidar espaços permanentes de cooperação entre a OCDE e os países latino-americanos, incluindo pontos focais nacionais.
- Trabalho temático adaptado às prioridades regionais: Este trabalho busca abordar desafios como produtividade, mudanças climáticas, governança digital, informalidade trabalhista, envelhecimento populacional e inovação por meio de análise comparativa, recomendações de políticas e cooperação técnica.
- Coordenação institucional: busca fortalecer a cooperação com organizações multilaterais, bancos de desenvolvimento, redes regionais e plataformas de conhecimento.
- Participação multissetorial: incluir atores não governamentais, como empresas, universidades, meios de comunicação e organizações sociais na agenda regional e organizacional.
- Comunicação e visibilidade: desenvolver estratégias de divulgação adaptadas a diferentes públicos, para aumentar a conscientização sobre o trabalho e os padrões da organização.
Atualmente, cinco países latino-americanos são membros plenos da OCDE: México (1994), Chile (2010), Colômbia (2020), Costa Rica (2021) e, mais recentemente, o Brasil (candidato desde 2022). Outros países, como Peru e Argentina, mantêm laços ativos com a organização por meio de programas de cooperação setorial e processos de revisão por pares.
Enquanto a OCDE reconhece o potencial econômico e estratégico da América Latina e busca contribuir para o fortalecimento de suas instituições, a convergência regulatória e a integração com economias mais desenvolvidas.

Encontro entre o presidente do BID, Ilan Goldfajn, e o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann. Foto: OCDE
Na mesma linha, e buscando apoio às nações, a OCDE assinou um acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para fortalecer o apoio aos países da região interessados em se alinhar aos padrões da organização e se tornar membros plenos.
Por meio deste acordo , o BID oferecerá cooperação técnica e financeira para apoiar tanto os países já em processo de adesão quanto aqueles que buscam promover reformas institucionais, regulatórias e de governança que lhes permitam aproximar-se do sistema da OCDE. Essa colaboração incluirá análise de políticas públicas, fortalecimento do funcionalismo público, treinamento do funcionalismo público e desenvolvimento de estratégias de inovação.
"Este acordo amplia o papel do BID no apoio aos países da América Latina e do Caribe que colaboram com a organização, fornecendo ferramentas para fortalecer instituições, aprimorar marcos regulatórios e cumprir padrões globais. Esta parceria é um passo fundamental no esforço do BID para continuar conectando a região ao mundo", disse o presidente do BID, Ilan Goldfajn.
Por sua vez, o Secretário-Geral da OCDE, Mathias Cormann, enfatizou que a parceria BID-OCDE promoverá ainda mais análises conjuntas de governança, reforma regulatória e integridade na região:
"Tenho o prazer de levar essa cooperação um passo adiante e aprecio o apoio contínuo do BID à medida que os países da região avançam em seu alinhamento com os padrões e melhores práticas da OCDE", explicou ele.
A ideia é que o desenvolvimento deste acordo também considere a coordenação com programas regionais do BID, como o América no Centro, uma iniciativa que busca abordar desafios comuns e transfronteiriços na região, promovendo a produtividade, a integração regional, a adaptação às mudanças climáticas e o desenvolvimento social, especialmente para os jovens.
Há também a iniciativa One Caribbean, que busca promover o desenvolvimento sustentável no Caribe e nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, juntamente com crescimento econômico, inclusão social e proteção ambiental.
Na mesma linha, está o projeto Amazônia Sempre, que aborda a população local, a bioeconomia e a infraestrutura, juntamente com a intenção de promover a inclusão de mulheres, povos indígenas, afrodescendentes e comunidades locais.
Na mesma linha, a colaboração técnica será promovida por meio de plataformas como o Fórum de Comércio e Inovação Coreia-ALC, que busca fortalecer os laços comerciais, incentivar o investimento e fomentar a inovação tecnológica entre a Coreia e a região da América Latina e do Caribe.
Além disso, há o Fórum Internacional de Transporte da OCDE, composto por 64 países-membros e que busca aprofundar a compreensão do papel do transporte no crescimento econômico, na sustentabilidade ambiental e na inclusão social, bem como aumentar a conscientização pública sobre a importância das políticas de transporte.
Também está incluído o Grupo de Contato Negócios na OCDE América Latina e Caribe, que serve como ponto de encontro para empresas e organizações empresariais interessadas nas atividades da OCDE e busca promover o diálogo entre o setor privado e a organização com o objetivo de fortalecer o crescimento econômico inteligente, sustentável e inclusivo .
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