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Nicolás Maduro e a estratégia do grande palhaço

Nicolás Maduro e a estratégia do grande palhaço

“A política é como o show business, mas para pessoas feias”, Ronald Reagan, ator de cinema e 40º presidente dos Estados Unidos.

Maduro vive o pior momento de sua história. Uma recompensa de US$ 50 milhões por sua captura, navios nucleares, caças F-35, drones Reaper e o maior navio de guerra do mundo estão de olho nele. Diante da crise, ele está recorrendo ao teatro para ganhar simpatia e se conectar com a população.

Ridendo dicere verum. Desde os tempos antigos, os romanos conheciam o humor do poder e o poder do humor. Seus teatros eram mais famosos que seus teóricos. Os políticos sabiam que pagar comediantes era útil até para mudar a narrativa e alcançar o povo.

Sem guerra, sim, paz. Maduro usa o politainment, ou a política como entretenimento, para se vender como um homem do povo, um Cantinflas casual que zomba dos poderosos. Um vídeo viral que busca enterrar seus crimes e seu histórico sangrento.

O político e o palhaço. Jeffrey Jones disse que, no mundo moderno, a política se tornou apenas mais um ramo do entretenimento popular. Os limites entre informar, entreter e política se confundiram. Desapareceram. Isso explica por que Maduro está fervendo de raiva por ter sido dispensado desonrosamente pelo YouTube.

Chávez reencarnou como um passarinho. "O passarinho voou para longe, e eu senti que o espírito e as bênçãos de Chávez estavam lá", disse Maduro em abril de 2013. O vídeo viralizou. Revelou que as pessoas preferem um palhaço a um político.

Um truque antigo, mas bem-sucedido. Juan Domingo Perón disse: "Às vezes, um político precisa dar uma de circo para fazer o povo ouvir, mas não deve esquecer que não é um palhaço, mas um maestro." Maduro descobriu uma mina de ouro e a está explorando.

O poder da comédia. Embora Maduro seja um tirano mesquinho, ele conhece o poder da comédia. Lembre-se de que o ator Volodymyr Zelensky venceu as eleições ucranianas com uma esmagadora maioria de 72%, graças ao seu carisma e ao uso habilidoso do humor.

Nicolás Maduro não é um comediante, é um criminoso. A Venezuela não vive um final feliz, mas sim uma tragédia. O chavismo é um narco-regime de 26 anos que cometeu crimes contra a humanidade e forçou mais de 8 milhões de pessoas ao exílio.

Os perigos da polidez.

Banalização de questões sérias. Há o risco de abandonar o debate real, a busca pela verdade e a tomada de decisões informadas. Vamos rir agora e chorar depois. Não esqueçamos que Maduro não te leva ao teatro; ele te leva ao Helicoide. Ele não é um comediante, ele é um criminoso. Ele não te mata de rir; ele te mata, te sequestra ou te faz desaparecer.

Carisma acima do caráter. Ditadores buscam conquistar o público, fazer as pessoas rirem e desviar a atenção de questões sérias. Gritar mais alto ou chorar atrai muita atenção. Todo o circo e menos dinheiro. O triste é que essa estratégia muitas vezes dá certo se não for exposta a tempo. Embora tenhamos rido muito das habilidades de Maduro com o inglês nos últimos dias, não devemos cair na armadilha dele. Seus esquetes não têm o objetivo de entreter, mas sim de enganar. Todo o humor é bem elaborado e tem um propósito claro: vencer a batalha midiática porque ele perdeu a outra batalha há muito tempo.

*O autor é um jornalista exilado, ex-embaixador na OEA e ex-membro do Corpo da Paz Norueguês (FK). Ele é ex-aluno do Seminário de Defesa e Segurança da Universidade de Defesa Nacional e do programa de Liderança de Harvard.

Eleconomista

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