Rússia em julgamento: O que o novo tribunal para a Ucrânia fará?

Na sexta-feira, a Ucrânia e seus apoiadores deram sinal verde para a criação de um tribunal especial para julgar a alta liderança da Rússia pelo "crime de agressão".
Mas o que isso significa e como vai funcionar?
Aqui está o que você precisa saber sobre o tribunal:
Por que esse tribunal é necessário?A Ucrânia e seus apoiadores querem ver justiça feita pela invasão total da Rússia em 2022.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, já emitiu mandados de prisão para o presidente Vladimir Putin pelo sequestro de crianças ucranianas e para quatro de seus principais comandantes por terem atacado civis.
Mas o TPI não tem jurisdição para processar a Rússia pela decisão mais fundamental de lançar a invasão — também conhecida como "crime de agressão".
Este novo tribunal busca fechar essa brecha e se concentra em tentar responsabilizar cerca de 20 a 30 altos funcionários da Rússia pelo ataque generalizado.
"Isso tem que transmitir a mensagem de que não há impunidade para violações tão graves do direito internacional, e o crime de agressão é o mais grave de todos", disse uma autoridade da UE.
Putin será julgado?Putin não será julgado enquanto permanecer no cargo, sob um princípio do direito internacional que garante imunidade à chamada "troika" formada por presidente, primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores.
Mas os promotores do tribunal ainda podem elaborar uma acusação contra o líder russo, que seria então suspensa pelos juízes até que ele deixasse de ser presidente.
Os outros suspeitos além da "troika" poderão, entretanto, enfrentar julgamento, inclusive à revelia, se não forem entregues ao tribunal.
Qualquer pessoa considerada culpada poderá pegar prisão perpétua e ter seus bens confiscados e usados para pagar reparações à Ucrânia.
Especialistas da Ucrânia e de cerca de 35 outros países envolvidos passaram cerca de dois anos discutindo os detalhes legais de como um tribunal funcionaria.
Oficialmente, o tribunal será estabelecido sob os auspícios do Conselho da Europa, o principal órgão de direitos humanos do continente.
Investigadores da Ucrânia e de seis estados-membros da UE começaram a trabalhar e já coletaram uma grande quantidade de evidências.
As autoridades dizem que esperam que o tribunal seja formalmente estabelecido no início do ano que vem e, quando isso acontecer, os casos serão transferidos aos promotores do tribunal.
O local do tribunal ainda não foi decidido, mas destinos prováveis incluem Haia ou a sede do Conselho da Europa em Estrasburgo.
Os Estados Unidos estão envolvidos?Os Estados Unidos foram um ator fundamental na condução das negociações para a criação do tribunal durante o governo do ex-presidente Joe Biden.
Isso mudou desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, e não havia nenhum representante de Washington presente para o apoio em Lviv.
Trump não é fã de esforços por justiça internacional e foi ameaçado pelo TPI por causa do mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Mas seu retorno parece ter acelerado a criação do tribunal, já que autoridades europeias temem que sua pressão por um acordo de paz possa significar que Moscou escapará da justiça para sempre.
A Ucrânia e seus apoiadores insistem que não deve haver impunidade para Putin e seus comparsas em nenhum acordo para acabar com a guerra.
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