La Bella Italia. O novo destino dos super-ricos em busca de qualidade de vida

Este ano, Itália tornou-se o terceiro destino mundial para os milionários que procuram vantagens fiscais e um estilo de vida. A “regra CR7” e a ascensão de Milão como centro financeiro estão a atrair super-ricos de todo o mundo, que escolhem o país em detrimento destinos como o Mónaco e Londres.
Um estudo recente da Henley & Partners, empresa especializada em consultoria de cidadania e residência, estima que mais de 142 mil milionários de todo o mundo mudarão de residência em 2025. E que cerca de 3.600 escolheram a Itália. À frente nesta mudança estão apenas os Emirados Árabes Unidos (9.800) e os EUA (7.500). A escolha é ditada pelas tensões geopolíticas e pela crescente concorrência fiscal a nível mundial.
Na última década, o número pessoas abastadas – milionários são os que têm um património superior a um milhão de dólares e os super-ricos património superior a cem milhões de dólares – dispostas da mudar de residência mais do que duplicou. Além disso, prevê-se que o número de milionários cresça 1% ao ano nos próximos quatro anos, enquanto o de super-ricos crescerá 3%.
Imposto fixo
Desde 2017 que Itália tem vindo a aplicar um regime fiscal especial conhecido como a “regra CR7”. A regra permite aos residentes sem domicílio fiscal pagar um imposto fixo de 200.000 euros por ano, durante 15 anos, sobre os rendimentos gerados no estrangeiro e aplica-se aos rendimentos provenientes de investimentos financeiros, direitos de imagem, mais-valias e heranças estrangeiras. Os rendimentos gerados em Itália são tributados normalmente.
Para os membros da família que optem pelo mesmo regime, o imposto fixo desce para 25.000 euros, o que torna o custo fiscal italiano mais baixo do que o do Mónaco, apesar de no principado não se pagarem impostos.
Segundo a Henley & Partners, outro ponto de atração é o Programa de Residência por Investimento, que concede o direito de viver, trabalhar e estudar no país por dois anos, com possibilidade de extensão por mais três. A residência permanente pode ser obtida após cinco anos, e após dez anos é possível solicitar a cidadania italiana.
Neste programa é necessário investir, até três meses após a entrada no país, dois milhões de euros em títulos do governo, pelo menos 500 mil euros em títulos corporativos ou ações, ou um mínimo de 250 mil euros em startups.
Os defensores do regime fiscal acreditam que a chegada de milionários incentiva o consumo, o investimento e a criação de novas empresas, contribuindo para as receitas fiscais e para o desenvolvimento económico.
Milão, novo centro da alta finança
A recente abolição do regime fiscal para os “non-doms” – pessoas singulares residentes mas não domiciliadas no Reino Unido – levou muitos milionários e gestores internacionais a mudarem-se para Itália, nomeadamente para Milão. A cidade é escolhida pelas suas vantagens fiscais, qualidade de vida e rápido acesso aos mercados europeus.
A somar às condições fiscais favoráveis, Milão está a registar um crescimento dos serviços de luxo, com novos clubes exclusivos, hotéis de luxo e uma expansão dos escritórios de advogados internacionais. A excelência dos serviços de luxo e uma rede financeira e jurídica em expansão fazem do país um destino popular para indivíduos com elevado património líquido que procuram estabilidade e qualidade.
Riqueza financeira italiana
De acordo com o Global Wealth Report 2025 do Boston Consulting Group (BCG), Itália ocupa o oitavo lugar no mundo em termos de riqueza financeira investível, com um total de ativos de cerca de 6,9 biliões (6.900.000.000.000) de dólares em 2024.
Deste património, 40% está investido em ações e fundos de investimento, 25% em depósitos e divisas, 18% em seguros de vida e pensões e 8% em obrigações. O BCG prevê um crescimento médio anual de 6,5% até 2029, com os ativos financeiros a atingirem potencialmente 9,4 biliões de dólares.
Mas ser rico em Itália é muito mais do que ter riqueza financeira; é desfrutar de uma qualidade de vida excecional num dos países europeus mais extraordinários, conhecida por suas paisagens encantadoras, tesouros históricos e culturais e delícias culinárias.
O prémio Reader’s Choice Awards da CNTraveler de 2024 classificou a Itália como o quarto melhor país do mundo e a BBC colocou os Dolomitas na lista de lugares a viajar em 2025.
Esta cadeia montanhosa é Património Mundial da UNESCO tem doze estâncias de esqui, vários restaurantes com estrelas Michelin, lagos alpinos e resorts elegantes, como Cortina d’Ampezzo, onde serão realizados os Jogos Olímpicos de 2026.
Outros destinos para milionários
Outros países estão a atrair milionários graças aos regimes fiscais favoráveis e à qualidade de vida. O Dubai, por exemplo, oferece uma tributação zero e um mercado de capitais dinâmico. Em sentido inverso, outras grandes metrópoles, como Londres, têm assistido a uma fuga de milionários devido aos impostos elevados e incerteza política. De acordo com o relatório da Henley & Partners, Londres perdeu cerca de 30 000 milionários na última década.
Jornal Sol