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Brasil corre risco de sanção dez vezes pior dos EUA por fazer negócios com a Rússia

Brasil corre risco de sanção dez vezes pior dos EUA por fazer negócios com a Rússia

A tarifa de 50% decretada pelo presidente Donald Trump pode não ser a única sanção imposta pelos Estados Unidos ao Brasil. O país corre o risco de sofrer um embargo nos próximos meses, caso o Congresso norte-americano aprove uma lei para sancionar países que negociam com a Rússia, com a imposição de alíquotas de até 500%.

O alerta veio da comissão de senadores que foi aos EUA para tentar negociar o tarifaço de Trump. Carlos Viana (Podemos-MG), que integrou a comitiva, disse ter ouvido de democratas e republicanos que se trata de uma lei americana, não de um decreto presidencial como o que estabeleceu o tarifaço.

“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias. Tanto republicanos quanto democratas foram firmes em dizer que eles irão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que negociam com a Rússia”, disse Viana, que ainda afirmou que “os dois partidos foram claros que aprovarão essa lei".

A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro, comentou que o tema foi abordado tanto pelos parlamentares americanos quanto por representantes da iniciativa privada com quem a comitiva dialogou.

"Esse assunto de compra de óleo e fertilizantes da Rússia é um assunto sensível e ele tem que estar no nosso relatório quando voltarmos ao Brasil. Eles estão preocupados em acabar com a guerra e acham que quem compra da Rússia dá munição para o país continuar tendo recursos para o conflito", explicou a senadora.

O Brasil importa insumos essenciais para o agronegócio, como fertilizantes, da Rússia. Os americanos alegam que esse comércio acaba favorecendo a continuidade da guerra da Rússia com a Ucrânia.

Sanções por comprar da Rússia preveem tarifas entre 100% e 500%

No dia 8 de julho, Trump ameaçou impor tarifas secundárias de 100% sobre qualquer país que negocie com a Rússia se não houver acordo para encerrar a guerra na Ucrânia em 50 dias.

A alíquota secundária que consta do projeto bipartidário atualmente em análise pelo Congresso americano é bem maior: 500% sobre os países que negociam com a Rússia.

A proposta é patrocinada pelos senadores Richard Blumenthal, democrata, e Lindsey Graham, republicano. As sanções visam pressionar a Rússia a atender às demandas dos EUA para encerrar a guerra.

Governo defende compra de fertilizantes russos

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu a compra de fertilizante russo. "Ninguém faz o que quer, faz o que precisa. Não está sobrando fertilizante por aí. Então, não tem como deixar de comprar, só se for para parar o negócio", comentou.

Em relação à compra de combustível, Wagner afirmou que a compra não é feita pelo governo brasileiro, mas pelas empresas que importam para revender no mercado interno.

Senador articula saída diplomática nos EUA

O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado e líder do grupo que foi negociar em Washington, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que o tema deve ser levantado na próxima semana em reuniões com as autoridades competentes.

O senador sugeriu uma possível negociação junto aos parlamentares americanos para que a lei contenha exceções para países que justificarem a compra de produtos russos.

Wagner afirma que negociações são de governo

Jaques Wagner, no entanto, não concorda com essa abordagem, pois entende que essa seria uma negociação no âmbito do Executivo ou “entre governos". Além disso, defende que as negociações só devem ser iniciadas após a aprovação da lei pelo Congresso Americano.

"Primeiro, precisa chegar a lei, não é bom comentar antes de ela existir. Segundo, só para reafirmar, a diplomacia brasileira, historicamente, é uma diplomacia multilateral que não se alinha obrigatoriamente com um campo A, B, C ou D. E essa é a propositura, sempre visando a paz", disse Wagner.

Wagner reconheceu que essa posição gera divergências, inclusive entre interlocutores nos Estados Unidos. “Esse tema é para debate entre governos", concluiu.

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