Selecione o idioma

Portuguese

Down Icon

Selecione o país

Mexico

Down Icon

Crise fiscal, um flagelo que também afeta o bolso dos colombianos

Crise fiscal, um flagelo que também afeta o bolso dos colombianos

Economia e subsídios na Colômbia.

Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT

A Colômbia está passando por uma das situações fiscais mais complexas dos últimos anos. Embora mantenha seu status de grau de investimento, o déficit, a dívida e a instabilidade política começam a ser sentidos no cotidiano dos cidadãos, ameaçando cortes de gastos e possíveis aumentos de preços de bens e serviços.

Um relatório recente da Crowe Co., preparado por Juan Carlos Arbeláez , sócio tributário e jurídico da empresa, alerta que a crise fiscal não é mais apenas uma preocupação de técnicos e economistas, mas um problema com consequências diretas para o custo de vida, o acesso ao crédito e a continuidade dos principais programas sociais.

Você pode estar interessado em: O decreto de auto-retenção de imposto seria uma nova reforma tributária?

Em primeiro lugar, este analista destaca que o país fechou 2024 com um déficit fiscal de 6,8% do PIB, superando o limite legal de 5,6%; uma situação que foi causada por uma queda histórica na arrecadação de impostos, que representou mais de US$ 18,5 bilhões a menos que em 2023, e um aumento nos gastos primários. Apesar dos cortes implementados, a dívida pública subiu para 61,3% do PIB e, segundo a Fitch, pode ultrapassar 62% em 2026.

Diante disso, Arbeláez alerta que essa situação "afeta diretamente o investimento em programas sociais e infraestrutura", acrescentando que o aumento no pagamento de juros está limitando os recursos disponíveis para outras prioridades, pois "pode ​​se traduzir em cortes de subsídios e empregos, impactando diretamente o cidadão comum colombiano".

Crise e riscos fiscais

Riscos de crise, crédito e fiscais.

Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT

Um dos primeiros setores a sentir os efeitos dessa situação foi o setor habitacional, onde o programa "Mi Casa Ya", que oferece subsídios para a compra de moradias populares, foi suspenso no final de 2024 por falta de recursos. Embora o governo tenha reativado o benefício em março deste ano, cerca de 40.500 famílias perderam o benefício de cobertura de juros, o que implicou em um aumento nas parcelas mensais de até 30%.

Além disso, estima-se que cerca de 49.000 famílias poderão ser desencorajadas a comprar casas neste ano devido à redução de subsídios, o que também impactará o setor da construção; que vem apresentando altos e baixos no ritmo econômico há vários meses.

Você pode estar interessado em: A guerra comercial está reacendendo? Trump culpa China por violar acordo tarifário

“A educação é outra área crítica. O ICETEX reduziu as aberturas de empréstimos estudantis em 40.000 em comparação ao ano anterior, devido a uma queda de 33% em seu orçamento, que caiu de US$ 1,2 trilhão para US$ 859,036 bilhões. A eliminação dos subsídios de juros tornou o acesso ao ensino superior mais caro, com um aumento médio de 17% no custo dos empréstimos para estudantes vulneráveis”, observou o porta-voz do Crowe Co.

Neste contexto, destacou que a taxa de usura, que estabelece a taxa máxima legal de juros para cartões de crédito e empréstimos sem prazo determinado, está atualmente em 25,97%, dificultando ainda mais o acesso ao crédito para muitas famílias.

Riscos Fiscais - Economia

Riscos Fiscais - Economia

Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT

O ajuste fiscal que nunca chega

De acordo com o Comitê Autônomo de Regras Fiscais (CARF), para cumprir as diretrizes legais, o país precisaria de um ajuste fiscal de US$ 46 trilhões em 2025, o equivalente a 2,6% do PIB. No entanto, o relatório considera esse cenário inviável dadas as restrições atuais.

A tentativa do governo de aprovar uma nova reforma tributária em 2024 fracassou, e cortes que totalizam mais de US$ 12 trilhões não foram suficientes para restaurar a estabilidade. Grandes agências de classificação de risco, como Moody's, S&P e Fitch, alteraram a perspectiva do país de estável para negativa, um sinal de alerta que pode levar à perda do grau de investimento que o país mantém desde 2011", acrescentou Juan Carlos Arbeláez.

Você pode estar interessado em: A Colômbia corre o risco de cair no maior déficit fiscal de sua história.

Diante disso, ele ressalta que a solução passa por uma transformação fundamental, partindo do entendimento de que “a Colômbia precisa de uma reforma tributária estrutural que controle os gastos, amplie a base tributária, elimine isenções injustificadas e combata a sonegação”, para gerar confiança no mercado.

Um forte impacto

Além dos números macroeconômicos, o relatório enfatiza que a deterioração fiscal tem impactos reais nas famílias colombianas: serviços mais caros, subsídios menos acessíveis e condições de crédito mais restritivas. Nas palavras do autor: " O debate não é mais sobre se a crise fiscal existe, mas sim quanto tempo mais estamos dispostos a esperar para corrigi-la."

“Pequenas e médias empresas também estão sofrendo os efeitos desta crise fiscal. Desde a reforma tributária de 2022, elas enfrentam uma carga tributária maior, com aumento de impostos sobre dividendos e uma alíquota mínima de 15% sobre o lucro financeiro ajustado. Soma-se a isso a inflação, as altas taxas de juros e o aumento de adiantamentos e retenções na fonte”, enfatizaram.

Pesos colombianos

Pesos colombianos

iStock

Além disso, explicaram que o acesso ao crédito foi restringido e o investimento público diminuiu significativamente, com base em centros de análise como o Observatório Fiscal da Universidade Javeriana, que informa que o orçamento de investimento público caiu 33% em 2025 (de US$ 105,8 bilhões para US$ 70 bilhões), e entidades como a Controladoria Geral da União, que também indica um corte de 17,4%, passando de US$ 100 bilhões para US$ 82,5 bilhões. Arbeláez confirma que "o Governo absorveu mais crédito para cobrir seu déficit, tornando os recursos mais caros para as empresas. De fato, a alta taxa de intervenção do Banco da República (9,25%) e os atrasos nos pagamentos estatais estão levando muitas PMEs à beira da insolvência".

Por fim, destacaram que esses impactos também estão sendo sentidos no mercado de trabalho, onde o emprego informal ultrapassa 57%, refletindo a contração do mercado formal, ou em matéria de investimento estrangeiro direto (IED), que caiu 15,2% em 2024 em comparação com 2023, devido à desconfiança gerada pelas mudanças na política econômica e à falta de clareza sobre os rumos do país.

Portafolio

Portafolio

Notícias semelhantes

Todas as notícias
Animated ArrowAnimated ArrowAnimated Arrow