Indústria de carros elétricos da Indonésia se alimenta de níquel que mata na Ilha de Obi
Desde 2012, as nascentes da vila de Kawasi, na Ilha de Obi, estão poluídas com cromo 6, um composto químico extremamente tóxico. Um consórcio internacional de jornalistas, ao qual a Deutsche Welle é associada, identificou o culpado como sendo o operador da mina de níquel, o conglomerado indonésio Harita, que abastece a indústria de baterias para veículos elétricos.
No nordeste da Indonésia fica Obi, uma ilha montanhosa e arborizada, outrora famosa por suas especiarias e pacíficas vilas de pescadores. A vida local girava em torno do cultivo de sagu e de rios com águas tão puras que os moradores matavam a sede diretamente dos córregos e nascentes.
Mas as coisas começaram a mudar quando uma mina de níquel foi aberta ali. "Agora a água tem um gosto diferente e às vezes até borbulha. Dá cólicas estomacais", diz a moradora Nurhayati Jumadi. "Mas não tenho dinheiro para comprar água engarrafada, então continuamos bebendo água do rio."
Em nossa investigação conjunta, o consórcio de jornalistas Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) e o veículo de mídia investigativa The Gecko Project analisaram milhares de e-mails internos e relatórios confidenciais divulgados pelo site de denúncias Distributed Denial of Secrets . Esses documentos comprovam que a vila de Kawasi, na Ilha de Obi, sofreu poluição generalizada devido à presença do conglomerado indonésio Harita Group por mais de dez anos, a partir de 2012. A Deutsche Welle e seus parceiros tiveram acesso a esses documentos e puderam analisá-los por vários meses.
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Courrier International
