Guerra e sua carteira: como o aumento do preço do petróleo devido a Israel e Irã afeta você

A guerra no Oriente Médio tem um preço, e todos nós estamos começando a pagá-lo. O conflito elevou os preços do petróleo e os mercados globais estão tremendo. Explicamos, sem rodeios, como essa guerra distante já está afetando o seu bolso.
À medida que mísseis cruzam os céus do Oriente Médio, ondas de choque econômico se espalham pelo planeta na velocidade da luz, impactando diretamente os mercados financeiros e, em última análise, os bolsos dos cidadãos comuns. A escalada da guerra entre Israel e o Irã disparou o alarme no setor de energia, provocando uma forte alta nos preços do petróleo e uma corrida de investidores em direção a ativos de refúgio.
Esta não é uma crise distante. Seus efeitos são tangíveis, refletidos no preço que se paga na bomba, no custo dos alimentos e na incerteza em torno da economia global.
Os números não mentem: o efeito dominó nos mercados globais
A reação do mercado à alta foi imediata e avassaladora. O medo de uma interrupção no fornecimento de petróleo bruto de uma das regiões mais produtivas do mundo acrescentou um prêmio de risco geopolítico que se refletiu instantaneamente nos preços.
Impacto imediato do conflito nos mercados globais (17 de junho)
| Ativo Financeiro | Mudança (24h) | Motivo Principal da Movimentação |
|—|—|—|
| Petróleo Brent | ▲ +4,40% (para US$ 76,45) | Medos de interrupção do fornecimento e escalada com a participação dos EUA |
| Petróleo WTI | ▲ +4,28% (para US$ 74,84) | Prêmio de risco geopolítico aumenta no Oriente Médio |
| Ouro (onça) | ▲ +1,4% (para US$ 3.447) | Investidores buscam ativos de refúgio em meio à incerteza |
| S&P 500 | ▼ -0,85% | Aversão ao risco em meio à incerteza e ao aumento dos preços da energia |
| Dow Jones | ▼ -0,70% | Queda generalizada devido a tensões geopolíticas e dados econômicos |
O fantasma da pandemia: "A economia está se contraindo como aconteceu com a Covid."
Surpreendentemente, o impacto econômico mais profundo até agora não advém da destruição física da infraestrutura petrolífera, mas de um fenômeno mais sutil e humano: a paralisia social induzida pelo medo. O economista israelense Zvi Eckstein, ex-vice-governador do Banco de Israel, fez uma comparação assustadora: o efeito da guerra na economia israelense é semelhante ao dos lockdowns causados pela pandemia de COVID-19.
"O impacto da guerra com o Irã, devido ao ataque com mísseis, está forçando as pessoas a ficarem em casa. E isso tem um grande impacto na economia", explicou Eckstein. "Lojas e shoppings estão fechando, o consumo está diminuindo, e isso tem um impacto negativo... Tudo muito semelhante ao que aconteceu durante a Covid." Essa análise revela que a arma econômica mais potente neste conflito, por enquanto, não é o míssil que destrói uma refinaria, mas o medo que esvazia as ruas e paralisa o comércio.
Estreito de Ormuz: O "botão vermelho" que pode desencadear uma crise energética global
No centro da ansiedade global está uma estreita passagem marítima: o Estreito de Ormuz. Aproximadamente um quinto do consumo mundial de petróleo e um terço do gás natural liquefeito transitam por essa artéria vital. O Irã, devido à sua posição geográfica, tem a capacidade de bloqueá-la, uma ameaça que já representou no passado e que representa sua maior alavanca econômica.
O fechamento do Estreito de Ormuz seria um cenário catastrófico para a economia global. Deixaria centenas de petroleiros encalhados, causaria uma escassez imediata de oferta e poderia elevar os preços do petróleo bruto bem acima de US$ 100 o barril, segundo analistas do Goldman Sachs. Um choque dessa magnitude não seria sentido apenas nas bombas; desencadearia uma nova espiral inflacionária global, afetando o preço de quase todos os bens e serviços e aumentando significativamente o risco de uma recessão global.
"Os efeitos do ataque se espalharam pelos mercados globais, com uma mudança acentuada em direção à aversão ao risco em diversas classes de ativos... com temores evidentes de uma escalada e de um conflito regional mais amplo." – Analistas do Deutsche Bank.
A guerra entre Israel e o Irã está sendo travada em duas frentes simultâneas: a militar e a financeira. E embora as bombas estejam caindo a milhares de quilômetros de distância, as ondas de choque econômico já estão batendo às nossas portas.
La Verdad Yucatán