Rumo ao Liechtenstein, envio de peças individuais, eliminação de software: como as empresas suíças estão evitando o martelo tarifário de Trump – e arriscando multas altas


Museu Nacional de Liechtenstein; editado por NZZaS
E tudo já está diferente novamente. Apenas duas semanas após a repressão tarifária de Trump, a Suíça está sendo atingida pelo próximo terremoto vindo de Washington. No fim de semana, as autoridades alfandegárias dos EUA reclassificaram mais de 400 produtos.
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Tarifas para aço e alumínio agora se aplicam a eles. Em vez de 39%, serão aplicadas tarifas de 50%. Essa mudança preocupa até mesmo os profissionais. O leite embalado, por exemplo, também é afetado – devido à sua embalagem de alumínio.
"A mudança da Casa Branca veio com um aviso extremamente curto", diz Claudia Feusi, consultora de alfândega e comércio da Douana. Ao contrário de antes, desta vez também afeta mercadorias que já saíram da Suíça e estão em trânsito. "Isso mostra como a situação se tornou imprevisível", diz Feusi.
A Suíça, um centro financeiro, de serviços públicos e consumismo, está pouco presente na guerra tarifária. Grandes corporações conseguem se adaptar à nova situação graças às suas filiais ao redor do mundo. Mas para as PMEs voltadas para a exportação, nada é igual. Seu mercado mais importante está à beira do colapso, e algumas empresas se tornaram deficitárias da noite para o dia.
As empresas buscam freneticamente soluções. Em teoria, elas têm três opções: reduzir o valor aduaneiro das mercadorias exportadas, mudar a origem para um país com tarifas mais baixas ou reclassificar as mercadorias para que fiquem isentas das tarifas punitivas. Na prática, existem muitas armadilhas, como demonstram os exemplos a seguir.
1. Rumo a LiechtensteinA Suíça se tornou recentemente não apenas uma ilha de altos preços e altos salários na Europa, mas também uma ilha de altas tarifas. Então, o que poderia ser mais sensato do que exportar produtos de Liechtenstein ou de um país da UE cujas exportações representam apenas 15% das dos EUA?
Mas o truque com os Ländle falha devido às chamadas regras de origem não preferenciais. Elas exigem que a origem seja onde ocorre a última etapa substancial do processamento. "Simplesmente montar as peças localmente não é suficiente", afirma Simeon Probst, Chefe de Consultoria Aduaneira e Comércio Internacional da PwC Suíça. Quanto mais extenso o processo de fabricação, maiores as chances de as autoridades alfandegárias americanas aceitarem a "renacionalização". "Mas não existem regras universalmente reconhecidas", afirma Probst. Portanto, cada caso deve ser considerado individualmente.
As empresas suíças também podem usar as regras de origem a seu favor. Se a etapa de processamento na fábrica local for mínima, elas podem manter o último país de origem. Claudia Feusi cita uma empresa suíça de alta tecnologia que agora declara seus produtos como britânicos – e se beneficia de uma tarifa de 10%.
2. Envie peças individuaisMuitas empresas suíças são líderes em engenharia, design e produção de componentes essenciais, adquirindo o restante de fornecedores em todo o mundo. Algumas estão considerando exportar as máquinas desmontadas e declarar a origem de cada componente à alfândega.
Mas há duas armadilhas à espreita aqui, como explica a consultora aduaneira Claudia Feusi. "O fator decisivo para a tarifa aduaneira continua sendo a existência de uma unidade funcional e se um componente da entrega determina seu caráter essencial", diz ela. A primeira armadilha: a Alfândega considera as peças individuais entregues como um todo e adiciona a tarifa suíça. A segunda armadilha: as peças podem estar sujeitas à tarifa especial americana de 50% para aço e alumínio. "A suposta otimização por meio da entrega de peças individuais pode, portanto, ter consequências financeiras negativas", diz Claudia Feusi.
3. Impostos de saída ameaçadoresAqueles que transferem a produção da Suíça para outros países e se beneficiam das tarifas da UE podem respirar aliviados por enquanto, mas estão criando novos problemas para si mesmos. "Por mais importantes que as tarifas sejam hoje, os impostos diretos não podem ser ignorados", diz Simeon Probst. Porque, em alguns casos, a relocalização da produção só pode ser revertida com grandes custos.
Probst cita o exemplo da Alemanha: "Se uma empresa suíça fechar sua subsidiária lá depois de alguns anos e quiser realocar a produção de volta para a Suíça, poderá enfrentar altos impostos de saída", diz ele. Os países usam isso para compensar a perda de receita tributária. "As empresas também precisam de uma estratégia para retornar quando as tarifas convergirem", diz Probst. Na prática, isso leva as empresas a esperarem para tomar decisões vinculativas. "Muitas decidiram suspender as entregas para os EUA até meados ou final de setembro." Só então decidirão sobre as próximas medidas.
4. Deduzir custosTão popular quanto brincar com as regras de origem é ajustar o valor aduaneiro. O exemplo de um relógio suíço sugere que há alguma margem de manobra aqui. Os gastos com publicidade da Rolex e de outras empresas sugerem que a produção representa apenas uma fração do preço de venda. Então, por que não exportar o relógio ao preço de custo? Comparado ao preço de varejo, isso provavelmente reduziria a carga alfandegária para menos de 5%.
Especialistas em alfândega não têm nada além de um sorriso cansado diante de tais especulações. "Não se pode ajustar os custos à vontade; as regulamentações americanas para avaliação aduaneira são muito precisas", diz Claudia Feusi. Os EUA intensificaram seus controles, afirma ela. "Se você não puder comprovar as mudanças de preço, estará em risco."
O especialista da PwC, Probst, também alerta seus clientes contra a criação de problemas com soluções aparentemente criativas que podem custar caro. "Se a Autoridade Aduaneira dos EUA detectar flutuações de preços significativas, ela intervirá e poderá realizar uma auditoria", afirma. Isso pode resultar em cobranças e multas adicionais.
5. Excluir softwareAo adquirir uma máquina, os compradores também pagam por software, licenças e garantias. Os fabricantes podem se sentir tentados a faturar esses itens separadamente da própria máquina — como serviços, seriam isentos de impostos. Mas a legislação aduaneira também limita o escopo aqui. "A composição do preço deve fazer sentido econômico; deve incluir todos os custos diretos e indiretos", diz Probst, consultor da PwC.
"Você não pode simplesmente testar a máquina finalizada e depois remover o software para obter uma base de avaliação menor." No entanto, certamente há alguma flexibilidade. Por exemplo, você pode equipar uma máquina apenas com o software básico, mais barato, ao exportá-la e baixar a versão completa, mais cara, apenas nos EUA.
A regra da primeira venda também promete uma redução no valor aduaneiro. Ela estabelece que, em cadeias de suprimentos com múltiplas etapas, o primeiro preço de venda pode determinar o valor aduaneiro. Se os componentes principais de uma máquina, por exemplo, foram produzidos na Europa Oriental e depois enviados para a Suíça, o exportador suíço pode declarar esse preço como valor aduaneiro na venda. "Mas esta é uma questão muito delicada", diz Claudia Feusi. Nada funcionará sem uma documentação rigorosa e em conformidade com a lei.
Esses exemplos mostram que a legislação aduaneira é um campo minado. Truques aparentes podem se transformar em gols contra custosos. "A menor redação em contratos e faturas pode resultar em tarifas punitivas que chegam a milhões", diz Claudia Feusi. Também fica claro que, mesmo que empresas individuais consigam navegar no novo mundo, a base industrial suíça é a perdedora. "As pessoas estão tentando ignorar a Suíça como país de origem, e isso é perigoso", diz Feusi.
Um artigo do « NZZ am Sonntag »
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