Abater caças russos sobre o território da OTAN? Estas são as opções disponíveis para a aliança de defesa


A OTAN enfrenta um verdadeiro teste de estresse. O espaço aéreo em seu flanco leste foi violado diversas vezes nas últimas duas semanas e, duas vezes em dez dias, os Estados-membros invocaram o Artigo 4, que desencadeia consultas urgentes entre os Aliados. A Polônia foi a primeira a agir, após drones russos terem sido abatidos no interior, seguida pela Estônia, quando três caças russos permaneceram no espaço aéreo estoniano por doze minutos.
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Como a aliança de defesa deve responder adequadamente a essas provocações – provavelmente deliberadas – da Rússia? Onde está o limite? Na manhã de terça-feira, representantes dos países da OTAN se reuniram em uma reunião extraordinária para discutir essas questões.
Os incidentes com drones na Dinamarca e na Noruega, também suspeitos de serem obra de atores russos, não foram o foco das discussões. O Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou na tarde de terça-feira que estava em contato com o primeiro-ministro dinamarquês, mas que as autoridades locais ainda não haviam esclarecido os detalhes. Ainda não foi possível determinar se há alguma conexão com as recentes violações do espaço aéreo na Europa Oriental e no Báltico.
A aliança de defesa tem as seguintes opções:
Retórica dura, atitude de desescaladaEsta não é a primeira vez que caças russos violam o espaço aéreo do Báltico. Os incidentes aumentaram especialmente após a invasão parcial da Ucrânia pela Rússia em 2014 – o Ministério da Defesa da Estônia relatou seis sobrevoos não autorizados de aeronaves russas somente em 2016.
Uma escalada cujo resultado seria imprevisível foi deliberadamente evitada. A OTAN limitou-se a advertências e avisos, mas a força militar da resposta foi administrável: aeronaves finlandesas e italianas subiram até os pilotos russos, fizeram contato com eles e os escoltaram para fora do espaço aéreo estoniano. Fotografias da Força Aérea Sueca mostram que os jatos russos estavam armados. Rutte disse na tarde de terça-feira que eles "não representavam perigo imediato".
Com essas provocações, a Rússia presumivelmente quer testar até onde pode ir sem chegar ao limiar da guerra. Por outro lado, o regime visa criar incerteza entre as populações ocidentais – com algum sucesso. A grande questão, portanto, é como o presidente russo, Vladimir Putin, reagirá à relutância da aliança de defesa. O instrumento do Artigo 4, precursor do famoso Artigo 5 e ativado apenas pela nona vez na história da OTAN, se desgasta com o tempo e dificilmente causa noites sem dormir no Kremlin. É apenas uma questão de tempo até que o próximo incidente "aconteça".
Mudança de forçasOs Estados Bálticos possuem forças aéreas, mas não possuem aeronaves de combate próprias. Desde que aderiram à OTAN em 2004, forças rotativas dos Estados-membros têm protegido e monitorado o espaço aéreo do Báltico. Esse sistema de coordenação intensiva poderia ser expandido, assim como sistemas de defesa terrestres como o Iris-T e o Patriot poderiam ser realocados.
Pelo menos a curto prazo, porém, isso só seria possível às custas da defesa de outros flancos — o que pode ser um cálculo da Rússia. A Ucrânia recebeu sistemas de defesa aérea de seus países parceiros que estão em uso contínuo.
No entanto, sistemas de defesa caros são apenas parcialmente eficazes contra a ameaça representada pelos drones russos. Por isso, estão surgindo discussões sobre um "muro de drones", que provavelmente consistiria em uma combinação de drones de interferência e drones domésticos. Ministros da Defesa europeus se reunirão na sexta-feira. A operação "Sentinela Oriental" da OTAN, iniciada após o incidente na Polônia, também se concentra no combate a drones.
Arriscando uma escalada militarHoje em dia, são frequentes as referências a um escândalo de novembro de 2015: caças turcos abateram um Sukhoi Su-24 russo após ele entrar em espaço aéreo turco. O piloto conseguiu ejetar, mas foi morto a tiros em solo por rebeldes sírios. Seguiu-se um congelamento diplomático entre Moscou e Ancara, mas as relações voltaram ao normal após alguns meses.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, anunciou na segunda-feira que seu país "abateria objetos voadores sem discussão se violassem nosso espaço aéreo". O secretário-geral da OTAN, Rutte, afirmou que a organização não hesitaria em "fazer o que fosse necessário" caso houvesse uma ameaça iminente, mas se absteve de fazer uma declaração excessivamente vinculativa. Com razão, afirma Ulrich Kühn, do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança da Universidade de Hamburgo: "Se você comunicar publicamente uma linha vermelha, estará se colocando em uma situação coercitiva. Isso só faz sentido se você a seguir à risca."
De qualquer forma, o incidente na Turquia só pode ser comparado à situação atual de forma limitada. O potencial de escalada militar na Europa Oriental e no Báltico é consideravelmente maior do que durante a guerra civil na Síria. A queda de um caça russo daria a Putin um pretexto para expandir ainda mais sua campanha – e, para a OTAN, haveria o risco de que certos Estados-membros, temendo por seus próprios militares, não quisessem mais participar das missões de monitoramento no Báltico.
Em última análise, a incerteza sobre como os Estados Unidos, de longe o membro mais poderoso da OTAN, reagiria em caso de uma escalada militar paira sobre todas essas discussões. Rutte enfatiza, em todas as oportunidades, que a aliança de defesa está unida — mas ninguém sabe o que o comandante-em-chefe americano, Donald Trump, poderá decidir.
"Os estados europeus da OTAN estão presos em um dilema de comunicação: por um lado, eles querem deter a Rússia, mas, ao mesmo tempo, precisam ter cuidado para manter os EUA a bordo", diz o especialista em defesa Kühn.
Na terça-feira, no entanto, houve declarações surpreendentes dos Estados Unidos. À margem da Assembleia Geral da ONU, o presidente americano Donald Trump declarou que apoiava o abate de aeronaves russas caso entrassem ilegalmente no espaço aéreo de países da OTAN.
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